Fonte: brainsnooze.com

No post anterior falei um pouco da formação da cidade industrial e o papel do design na formação da comunicação visual. Hoje a área de atuação do design na cidade aumentou consideravelmente. Por sua natureza interdisciplinar o design ultrapassa a barreira da disciplinaridade, interagindo com outras áreas do conhecimento para gerar soluções criativas e inovadoras, a profunda especialização de algumas áreas pode impedir a busca por outras perspectivas de soluções. Além da interdisciplinaridade, o design possui um processo de desenvolvimento, é através da metodologia que é possível chegar num resultado relevante e  que atenda a real necessidade das pessoas porque o ser humano é o objetivo final de toda solução em design.
Com o avanço da ciência, da tecnologia e da grande massa de informação que invade nosso cotidiano, a cidade atual é muito diferente da cidade do século XIX. A internet, os smartphones,  as redes sociais, a mobilidade, o acesso às riquezas e a globalização criaram um ambiente único nesse início do século XXI (pela primeira vez na história a população urbana ultrapassou a população rural). Assim, desenvolvemos nosso próprio meio de nos relacionar, pensar e viver a cidade. Através de um smartphone e alguns app’s de localização é possível explorar uma cidade desconhecida, em algumas cidades os cidadãos possuem canais de comunicação direta com o governo, podendo participar ativamente da construção da sua cidade, em outras o design estratégico é utilizado para a tomada de decisões, enfim, há uma gama de possibilidades de atuação do designer na cidade.
A relação da cidade com a tecnologia é um grande campo de possibilidades para o design interagir com outras áreas do conhecimento para desenvolver, validar e implementar soluções centradas no usuário final, que é o próprio cidadão. Preparei uma lista TOP 5 de sites e blogs que abordam a relação da cidade com a tecnologia e como o design pode contribuir participando de soluções desenvolvidas por equipes colaborativas e interdisciplinares:

#1 - Os 25 pensadores mais influentes em Planejamento Urbano e Tecnologia


#2 - The Urban Technologist – Smart Cities e Tecnologia


#3 - Helsinki Design Lab - Laboratório de Design ligado ao governo da Finlândia que utiliza o Design Estratégico como metodologia para soluções de problemas.


#4 - Urbanismo Inteligente - Movimento que busca no design e na tecnologia soluções para cidades, bairros e comunidades.


#5 - Curso sobre Cidades Inteligentes, ministrado pela Universidade do Estado de Ohio.



Rua de Londres no final do século XIX.
Olá! Hoje gostaria de compartilhar o fichamento do livro Uma introdução à história do Design do historiador da arte Rafael Cardoso. O fichamento é especificamente do capítulo 3: Design e comunicação no novo cenário urbano (Século XIX). Estudei esse livro pela primeira vez na disciplina de História da Arte e do Design no primeiro período, disciplina ministrada pela minha orientadora, Evany Nascimento (acompanhe o blog dela por aqui). Rafael Cardoso nos guia numa viagem ao passado e nos mostra o nascimento do ofício de designer.
A atividade de Design surgiu durante a primeira revolução industrial na segunda metade do século XVIII. Com a mecanização dos processos, os artesãos passaram a ter maior destaque no processo produtivo, com o aumento da demanda e maiores exigências por parte dos consumidores, gerada pela busca de diferenciação e exclusividade, o artesão passou a especializar-se e passou a circular pelas elites europeias, a “aculturação” pela qual passou e os novos métodos produtivos, permitiram a produção em larga escala, estando o artesão no topo da cadeia produtiva, projetando diversos artefatos que fariam parte do cotidiano.
O design, como atividade, passa a ter papel fundamental na materialização do desejo dos consumidores, projetando e desenvolvendo soluções que atendam não só as necessidades das pessoas como seus desejos e aspirações, o que torna indispensável para o designer o conhecimento do seu público alvo. Mas não foi apenas nas fábricas que o designer atuava, Rafael Cardoso nos apresenta o papel do Design na construção da comunicação visual na recém-criada cidade industrial.
Com o advento da revolução industrial, houve um grande êxodo do campo para os espaços urbanos, muitas pessoas buscavam empregos nas fábricas ou no setor de serviços. Com o aumento exponencial da população era necessário o conhecimento que o profissional de design possuía para desenvolver sinalizações claras que facilitariam a mobilidade urbana, o desenho dos espaços de convivência, do mobiliário tanto público como privado, além das campanhas que anunciavam os produtos produzidos pelo recém-criado setor de serviços.





Fonte da imagem: http://portalarquitetonico.com.br/cidade-e-utopia-novos-modelos-sociais-e-espaciais/
Hoje quero compartilhar o fichamento de um livro que foi muito importante no desenvolvimento do meu projeto PIBIC: “Imaginários Urbanos” do filósofo colombiano Armando SilvaEm sua obra, Armando Silva desenvolve um caminho metodológico para interpretar os imaginários urbanos que são formados a partir da imagem que os cidadãos constroem através da sua interação com a cidade. O olhar sobre a cidade é apoiado em três categorias:

1.                      A cidade vista: É fruto da interação dos seus habitantes com o espaço visual (letreiros, graffiti, construções, monumentos, etc.)
2.                      A cidade marcada: É delimitada a partir de seus territórios, os usos e as funções atribuídas.
3.                      A cidade Imaginada: É construída a partir das representações evocadas da cidade.



O Imaginário Urbano vai além de uma percepção mental, subjetiva e pessoal, mas passa a ser uma percepção coletiva que lentamente vai sendo construída pelos habitantes da cidade, ao compartilharem o mesmo espaço-tempo. Estudar o imaginário de uma cidade é acompanhar o processo de ressignificação do espaço urbano e entender as pessoas que o habitam. A partir da ótica interdisciplinar do design é possível fazer avaliações através de entrevistas, registros por meio de fotos e vídeos e organizar os dados por meio de mapas e croquis que auxiliarão na análise e no desenvolvimento de soluções para o espaço público que atendam as reais necessidades dos cidadãos.
Esse é um post inicial, ao longo das postagens vou compartilhando o que estou desenvolvendo no meu projeto PIBIC. A ideia de imaginários urbanos pode causar um estranhamento inicialmente, mas a medida que navegarmos entre os conceitos e algumas práticas será bem interessante. Abaixo segue o fichamento que realizei para a pesquisa, minha meta era selecionar trechos onde o autor define e desenvolve o conceito de imaginário urbano.


PS.: Assim como o imaginário de uma cidade é longa e coletivamente construído, o meu Tekoha virtual também, qualquer dúvida, crítica ou sugestão pode ser compartilhada, esteja livre para comentar.
“Melhorar a cidade é uma tarefa para uns quarenta, mais que isso, é para todos os que a amam, começando esse enfrentamento conosco mesmos, pois a construção da cidade é obra dos homens.” (José de Aldemir, Geógrafo)

     Tekoha Virtual é um espaço onde quero compartilhar assuntos e questões que surgirão ao longo da minha formação como Designer: Design, Tecnologia, Cidade, Cultura, etc. O nome que escolhi para esse espaço é TEKOHA, que em Guarani traduz a profunda ligação do indivíduo com o lugar que vive.

  Os Guaranis são povos originários da América e vivem no sul do continente, hoje a maior concentração está no Paraguai, onde o guarani é a segunda língua oficial do país, é uma língua que possui grande carga emocional e simbólica, a interpretação não é tão simples quanto o português e os falantes possuem uma relação com a língua diferente da que possuímos com a nossa, foi um processo de descoberta até que eu pudesse compreender isso. Vivi por dois anos na tríplice fronteira entre Brasil, Paraguay e Argentina enquanto estudava na Universidade Federal da Integração Latino-americana e pela convivência multicultural pude absorver e aprender sobre a cultura e língua paraguaya, A antropologia utiliza Tekoha como um conceito, mas a forma que trato no blog é mais informal e aprendida a partir da minha breve vivência com a cultura e a língua Guarani. 


   O Tekoha pode ser individual ou coletivo, o interessante é que os Guaranis eram povos nômades, mas mesmo em trânsito, alguns lugares possuíam uma carga simbólica maior que outros, um lugar ao qual eles pertenciam, espaços sagrados e que acreditavam possuir ligação com os ancestrais. Da mesma forma, meu Tekoha Virtual é meu elo com o ciberespaço, minha representação virtual onde posso compartilhar idéias, livros, estudos e questionamentos. Seja bem-vindo ao meu Tekoha Virtual! Você está convidado a construí-lo juntamente comigo!

Bicentenário de Independência do Paraguay. Asunción 2011