Depois de muitos meses sem atualizar estou de volta! Esse tempo que passei sem postar tive muitas ideias, anotei várias e escrevi algumas... O resultado disso foi a estagnação. Hoje vejo o quanto eu estava enganado, o Tekoha Virtual é um espaço para fluir ideias, para errar, para compartilhar, para retratar, enfim... esse é um espaço livre como o próprio conceito de TEKOHA: é um espaço pessoal, que conterá percepções, opiniões, contradições, movimento e principalmente vida. E a vida é um pacote completo que contém todas essas coisas e muito mais. 
Finalmente cheguei ao último ano do curso e como muitos estudantes  surgiu aquela famosa questão: O QUE FAZER DO TCC? Entre muitas opções, leituras, fichamentos e referenciais, não sabia que direção tomar. Além disso, uma outra questão permeava meus pensamentos: Se tudo já foi dito, qual será minha contribuição afinal? De onde vêm a originalidade? O desespero tomou conta!
Meus interesses de pesquisa estão no eixo: Design, Sociedade e Cultura. Como estudande de design a originalidade é o meio que utilizo para desenvolver meu trabalho e minhas ideias. Buscando novas abordagens, possibilidades e perspectivas para compreender a realidade e responder através do exercício da atividade criativa. Depois de muito pensar, esboçar e rabiscar, percebi que eu estava passando por um bloqueio criativo, não conseguia escrever e nada do que eu fizesse parecia melhorar.
Para contornar uma situação como essa, passei a lê e ouvir sobre assuntos que normalmente não me ocupava ou que sentia a necessidade de me aprofundar. O resultado disso foi aculumar lentamente alguns conhecimentos que, como um quebra-cabeça, passaram a fazer sentido a partir dos conhecimentos prévios. Outra estratégia para vencer o bloqueio foi compartilhar sobre ele com outras pessoas, vi que não era o único e que momentos assim são mais comuns do que esperava, perceber isso tirou de cima de mim um peso de inutilidade. Por fim foi necessário vencer o ciclo vicioso da procastinação e tomar as rédeas afim de seguir em frente.

"Não apenas orientados à objetivos, mas preparados para alcançá-los com qualidade."


Acredito que as vezes passamos por momentos assim por conta do ritmo frenético e veloz que vivemos, somos bombardeados para sermos apenas funcionais,  pois o tempo é o Senhor e domina todos os aspectos da nossa vida. Vivemos cada vez mais escravos do AQUI e AGORA e perdemos o momento de maturação, de assimilação, aspectos essenciais no processo de aprendizagem. Em tempos assim é importante ter em conta um objetivo claro, reconhecer nosso ritmo e principalmente respeitá-lo. Não apenas orientados à objetivos, mas preparados para alcançá-los com qualidade.

Apresentar uma pesquisa em andamento é uma oportunidade para refletir, organizar e resignificar os aprendizados desenvolvidos ao longo do processo. Sendo assim, participar da mesa redonda na VI Semana de Letras da UEA me permitiu estar em contato com as pesquisas que estão sendo desenvolvidas pelo curso de letras da UEA, ao vislumbrar os estudos desenvolvidos, pude perceber a diversidade das temáticas estudadas, encontrando relações entre alguns tópicos abordados na minha área de formação. Pude me sentir renovado e motivado a avançar na área de pesquisa acadêmica, além de ter sido uma oportunidade para compartilhar sobre o olhar que o design lança sobre a cidade, decodificando seus símbolos e codificando experiências, ou seja, é  uma atividade de leitura e interpretação do espaço, das pessoas e das suas relações. A pesquisa atual possui como objetivo a compreensão do conceito de Design Urbano, originado na intersecção entre arquitetura e planejamento urbano. Visando compreender os espaços públicos como um projeto: atendendo a uma finalidade, a um público e a uma intencionalidade. Nessa perspectiva, a contribuição do Design Urbano é ser uma metodologia de estudo do espaço público tendo em conta o contexto no qual está inserido.
Vinícius Gomes – Estudante de Design – Faculdade FUCAPI
Fonte: brainsnooze.com

No post anterior falei um pouco da formação da cidade industrial e o papel do design na formação da comunicação visual. Hoje a área de atuação do design na cidade aumentou consideravelmente. Por sua natureza interdisciplinar o design ultrapassa a barreira da disciplinaridade, interagindo com outras áreas do conhecimento para gerar soluções criativas e inovadoras, a profunda especialização de algumas áreas pode impedir a busca por outras perspectivas de soluções. Além da interdisciplinaridade, o design possui um processo de desenvolvimento, é através da metodologia que é possível chegar num resultado relevante e  que atenda a real necessidade das pessoas porque o ser humano é o objetivo final de toda solução em design.
Com o avanço da ciência, da tecnologia e da grande massa de informação que invade nosso cotidiano, a cidade atual é muito diferente da cidade do século XIX. A internet, os smartphones,  as redes sociais, a mobilidade, o acesso às riquezas e a globalização criaram um ambiente único nesse início do século XXI (pela primeira vez na história a população urbana ultrapassou a população rural). Assim, desenvolvemos nosso próprio meio de nos relacionar, pensar e viver a cidade. Através de um smartphone e alguns app’s de localização é possível explorar uma cidade desconhecida, em algumas cidades os cidadãos possuem canais de comunicação direta com o governo, podendo participar ativamente da construção da sua cidade, em outras o design estratégico é utilizado para a tomada de decisões, enfim, há uma gama de possibilidades de atuação do designer na cidade.
A relação da cidade com a tecnologia é um grande campo de possibilidades para o design interagir com outras áreas do conhecimento para desenvolver, validar e implementar soluções centradas no usuário final, que é o próprio cidadão. Preparei uma lista TOP 5 de sites e blogs que abordam a relação da cidade com a tecnologia e como o design pode contribuir participando de soluções desenvolvidas por equipes colaborativas e interdisciplinares:

#1 - Os 25 pensadores mais influentes em Planejamento Urbano e Tecnologia


#2 - The Urban Technologist – Smart Cities e Tecnologia


#3 - Helsinki Design Lab - Laboratório de Design ligado ao governo da Finlândia que utiliza o Design Estratégico como metodologia para soluções de problemas.


#4 - Urbanismo Inteligente - Movimento que busca no design e na tecnologia soluções para cidades, bairros e comunidades.


#5 - Curso sobre Cidades Inteligentes, ministrado pela Universidade do Estado de Ohio.



Rua de Londres no final do século XIX.
Olá! Hoje gostaria de compartilhar o fichamento do livro Uma introdução à história do Design do historiador da arte Rafael Cardoso. O fichamento é especificamente do capítulo 3: Design e comunicação no novo cenário urbano (Século XIX). Estudei esse livro pela primeira vez na disciplina de História da Arte e do Design no primeiro período, disciplina ministrada pela minha orientadora, Evany Nascimento (acompanhe o blog dela por aqui). Rafael Cardoso nos guia numa viagem ao passado e nos mostra o nascimento do ofício de designer.
A atividade de Design surgiu durante a primeira revolução industrial na segunda metade do século XVIII. Com a mecanização dos processos, os artesãos passaram a ter maior destaque no processo produtivo, com o aumento da demanda e maiores exigências por parte dos consumidores, gerada pela busca de diferenciação e exclusividade, o artesão passou a especializar-se e passou a circular pelas elites europeias, a “aculturação” pela qual passou e os novos métodos produtivos, permitiram a produção em larga escala, estando o artesão no topo da cadeia produtiva, projetando diversos artefatos que fariam parte do cotidiano.
O design, como atividade, passa a ter papel fundamental na materialização do desejo dos consumidores, projetando e desenvolvendo soluções que atendam não só as necessidades das pessoas como seus desejos e aspirações, o que torna indispensável para o designer o conhecimento do seu público alvo. Mas não foi apenas nas fábricas que o designer atuava, Rafael Cardoso nos apresenta o papel do Design na construção da comunicação visual na recém-criada cidade industrial.
Com o advento da revolução industrial, houve um grande êxodo do campo para os espaços urbanos, muitas pessoas buscavam empregos nas fábricas ou no setor de serviços. Com o aumento exponencial da população era necessário o conhecimento que o profissional de design possuía para desenvolver sinalizações claras que facilitariam a mobilidade urbana, o desenho dos espaços de convivência, do mobiliário tanto público como privado, além das campanhas que anunciavam os produtos produzidos pelo recém-criado setor de serviços.





Fonte da imagem: http://portalarquitetonico.com.br/cidade-e-utopia-novos-modelos-sociais-e-espaciais/
Hoje quero compartilhar o fichamento de um livro que foi muito importante no desenvolvimento do meu projeto PIBIC: “Imaginários Urbanos” do filósofo colombiano Armando SilvaEm sua obra, Armando Silva desenvolve um caminho metodológico para interpretar os imaginários urbanos que são formados a partir da imagem que os cidadãos constroem através da sua interação com a cidade. O olhar sobre a cidade é apoiado em três categorias:

1.                      A cidade vista: É fruto da interação dos seus habitantes com o espaço visual (letreiros, graffiti, construções, monumentos, etc.)
2.                      A cidade marcada: É delimitada a partir de seus territórios, os usos e as funções atribuídas.
3.                      A cidade Imaginada: É construída a partir das representações evocadas da cidade.



O Imaginário Urbano vai além de uma percepção mental, subjetiva e pessoal, mas passa a ser uma percepção coletiva que lentamente vai sendo construída pelos habitantes da cidade, ao compartilharem o mesmo espaço-tempo. Estudar o imaginário de uma cidade é acompanhar o processo de ressignificação do espaço urbano e entender as pessoas que o habitam. A partir da ótica interdisciplinar do design é possível fazer avaliações através de entrevistas, registros por meio de fotos e vídeos e organizar os dados por meio de mapas e croquis que auxiliarão na análise e no desenvolvimento de soluções para o espaço público que atendam as reais necessidades dos cidadãos.
Esse é um post inicial, ao longo das postagens vou compartilhando o que estou desenvolvendo no meu projeto PIBIC. A ideia de imaginários urbanos pode causar um estranhamento inicialmente, mas a medida que navegarmos entre os conceitos e algumas práticas será bem interessante. Abaixo segue o fichamento que realizei para a pesquisa, minha meta era selecionar trechos onde o autor define e desenvolve o conceito de imaginário urbano.


PS.: Assim como o imaginário de uma cidade é longa e coletivamente construído, o meu Tekoha virtual também, qualquer dúvida, crítica ou sugestão pode ser compartilhada, esteja livre para comentar.
“Melhorar a cidade é uma tarefa para uns quarenta, mais que isso, é para todos os que a amam, começando esse enfrentamento conosco mesmos, pois a construção da cidade é obra dos homens.” (José de Aldemir, Geógrafo)

     Tekoha Virtual é um espaço onde quero compartilhar assuntos e questões que surgirão ao longo da minha formação como Designer: Design, Tecnologia, Cidade, Cultura, etc. O nome que escolhi para esse espaço é TEKOHA, que em Guarani traduz a profunda ligação do indivíduo com o lugar que vive.

  Os Guaranis são povos originários da América e vivem no sul do continente, hoje a maior concentração está no Paraguai, onde o guarani é a segunda língua oficial do país, é uma língua que possui grande carga emocional e simbólica, a interpretação não é tão simples quanto o português e os falantes possuem uma relação com a língua diferente da que possuímos com a nossa, foi um processo de descoberta até que eu pudesse compreender isso. Vivi por dois anos na tríplice fronteira entre Brasil, Paraguay e Argentina enquanto estudava na Universidade Federal da Integração Latino-americana e pela convivência multicultural pude absorver e aprender sobre a cultura e língua paraguaya, A antropologia utiliza Tekoha como um conceito, mas a forma que trato no blog é mais informal e aprendida a partir da minha breve vivência com a cultura e a língua Guarani. 


   O Tekoha pode ser individual ou coletivo, o interessante é que os Guaranis eram povos nômades, mas mesmo em trânsito, alguns lugares possuíam uma carga simbólica maior que outros, um lugar ao qual eles pertenciam, espaços sagrados e que acreditavam possuir ligação com os ancestrais. Da mesma forma, meu Tekoha Virtual é meu elo com o ciberespaço, minha representação virtual onde posso compartilhar idéias, livros, estudos e questionamentos. Seja bem-vindo ao meu Tekoha Virtual! Você está convidado a construí-lo juntamente comigo!

Bicentenário de Independência do Paraguay. Asunción 2011